O pensamento desta semana (publicado na segunda-feira) versava sobre a eterna questão das monarquias ou das repúblicas como formas eficientes ou não de dirigir os estados.
Por diversos anos me questionei porque é que ainda existiam homens e mulheres que, aparentemente se debatiam (bem depois do 25 de Abril) pela causa monárquica. Pois julgo que os tempos de crise e austeridade em que vivemos facilmente nos demonstram que a necessidade incessante de procurar alternativas (e o direito de o poder fazer!) é um bem precioso que, pese embora o facto de não nos alterar de forma significativa a forma como vivemos, pelo menos obriga-nos a ponderar a forma como pensamos.
Lê-se nas enciclopédias que a implantação da república portuguesa foi o resultado de um golpe de estado organizado pelo Partido Republicano Português que, no dia 5 de Outubro de 1910, destituiu a monarquia constitucional e implantou um regime republicano no nosso país.
Aparentemente, a subjugação do país aos interesses coloniais britânicos, os gastos da família real, o excessivo poder da igreja católica, a instabilidade política e social, o sistema de alternância de dois partidos no poder (os progressistas e os regeneradores), a ditadura de João Franco, a manifesta incapacidade de acompanhar a evolução dos tempos e se adaptar à modernidade, terá levado a um tremendo processo de erosão da monarquia portuguesa do qual os defensores da república, particularmente o Partido Republicano, souberam tirar o melhor proveito, aproveitando o partido republicano para se apresentar como o único partido capaz de devolver ao país o prestígio perdido e colocar Portugal na senda do progresso.
Após a relutância do exército em combater os cerca de dois mil soldados e marinheiros revoltosos entre 3 e 4 de Outubro de 1910, a República foi proclamada às 9 horas da manhã do dia seguinte da varanda dos Paços do Concelho de Lisboa.
E já depois da revolução, um governo provisório chefiado por Teófilo Braga dirigiu os destinos do país até à aprovação da Constituição de 1911 que deu início à Primeira República. (primeira, porque actualmente vamos na terceira!)
De destacar que, entre outras mudanças, a implantação da república, obrigou à substituição dos principais símbolos nacionais, tais como o hino nacional e a bandeira.
Ao fim de 101 anos, permitam-me perguntar: terá valido a pena…?
Após a passagem por um breve trecho de 16 anos em que tivemos mais de 40 governos (sim, mais de quarenta governos em apenas dezasseis anos) precedidos por uma ditadura que perdurou mais de 40 anos (Salazar e Marcelo Caetano), e finalmente “libertados” por uma revolução que aparentemente devolveu a democracia ao povo, mas que, em menos de 30 anos, se viu forçada a pedir ajuda financeira externa já por duas vezes, munindo-se de “especialistas” das “troikas” do FMI (também eles estrangeiros) que impuseram regras básicas para o suporte vital da economia, da sociedade e da unidade nacional (perante o abismo que foi a ameaça da bancarrota), literalmente mostrando ao mundo que, em forma de república (até mais ver), nós portugueses, seremos ingorvernáveis por… portugueses?