Há coisas que me deixam fora do sério… Vou usar-me do meu direito à indignação para deitar cá para fora o que sinto sobre algo que considero ser grave… Ou melhor: muito grave!
Prestem bem atenção ao que é dito a partir dos 32 segundos do seguinte vídeo:
Primeiro, o jornalista que assina a peça diz: “Depois de garantir que não havia dívida oculta, Jardim reconheceu que não foi totalmente transparente com o estado para não ser prejudicado pelo governo socialista.”
Logo a seguir, a partir dos 40 segundos do vídeo, ouve-se (e vê-se) claramente Alberto João Jardim a dizer:
“O Sócrates, o Teixeira dos Santos e o seu deputado Maximiano que fez esta pouca vergonha toda à Madeira, tinham uma lei em que o governo da república podia aplicar sanções sobre o governo regional, se o governo regional continuasse com obras a fazer dívida porque eles não nos queriam dar o dinheiro e não nos autorizavam a fazer dívida.
E foi por isso, que não era aconselhável [dizer que havia dívida], porque eles ainda nos tiravam mais dinheiro se andássemos a mostrar o jogo todo ao governo socialista que não era sério e nós estávamos em estado de necessidade e por isso agimos em legítima defesa.”
Pegando nisto tudo, permitam-me colocar estas questões:
- Pretendem os portugueses dar uma imagem de seriedade “lá para fora”?
- Estamos mesmo no século 21?
- Se as regras do jogo são assim, porque não temos nós algarvios direito a uma regionalização que nos permita fazer o mesmo tipo de trapaças que se passam naquela ilha? (sim, direitos iguais!)
- Ainda existem dúvidas de que nós portugueses, somos um povo ingovernável por portugueses? (ou seja, a cada 30 anos, só à lei da troika e com muito sofrimento por parte dos pagadores de impostos é que isto “lá vai”?)
Sou e gosto de ser português, mas estas coisas levam-me a questionar seriamente o sentido patriótico que ainda tente residir dentro de mim…
Contudo, reconheço que é coisa rara em Portugal ver um político a admitir de forma pública que errou!
Por último: Senhores críticos e comentadores políticos: será assim tão difícil verificar porque é que o povo está de costas viradas para os partidos políticos…? Será assim tão difícil explicar os movimentos do tipo “Verdadeira Democracia” que alastram quer na península Ibérica, quer pela Europa fora?
Para quem só agora sintonizou este canal
O que se passa e que me leva a ficar indignado com esta situação que descrevo acima é o facto do meu país estar literalmente com a corda na garganta, e este tipo de notícias vir a público…
Alberto João jardim é um político português que exerce o cargo de presidente do governo da região autónoma da Madeira.
Em 2006, o então primeiro-ministro português José Sócrates anunciara a necessidade de fazer aprovar uma lei que proibisse o endividamento excessivo naquela ilha, depois do endividamento em cerca de 150 milhões de euros detectado na Madeira pelo Ministério das Finanças.
José Sócrates então afirmou: “é altura de dizer basta” e fez lembrar que o governo regional havia sido avisado, já por duas vezes, pelo Ministério das Finanças, e que não estava autorizado a contrair o empréstimo de 150 milhões de euros que reivindicava pelo facto disso agravar a política de controlo das finanças públicas de todo o país.
E para perceber porque é que só agora se vê tanta água a correr pelo regato:
Presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, ficou “surpreendido” com as dívidas ocultas da Madeira, que o Banco de Portugal e o Instituto Nacional de Estatística não conheciam. Dívidas escondidas atingem 571 milhões de euros, sendo que há ainda 290 milhões em débito, relativos a juros de mora.
Portugal na falência??!!!! Porque será?! Então vejamos os salários miseráveis dos administradores:
420.000€ TAP – Fernando Pinto
371.000€ CGD – Faria de Oliveira
365.000€ PT – Henrique Granadeiro
250.040€ RTP – Guilherme Costa
249.448€ Banco Portugal – Vítor Constâncio
247.938€ ISP – Fernando Nogueira
245.552€ CMVM – Carlos Tavares
233.857€ ERSE – Vítor Santos
224.000€ ANA COM – Amado da Silva
200.200€ CTT – Mata da Costa
134.197€ Parpublica -José Plácido Reis
133.000€ ANA-Guilhermino Rodrigues
126.686€ ADP – Pedro Serra
96.507€ Metro Porto – António Oliveira Fonseca
89.299€ LUSA – Afonso Camões
69.110€ CP – Cardoso dos Reis
66.536€ REFER – Luís Pardal
66.536€ Metro Lisboa -Joaquim Reis
58.865€ CARRIS -José Manuel Rodrigues
58.859€ STCP – Fernanda Meneses
3.706.630,00 € = TOTAL
51.892.820€ Valor do ordenado anual (12 meses + subs Natal + subs férias)
926.657€ = média prémios
900€ = Média ordenado de um funcionário público
58.688,31 – Número de funcionários públicos que dá para pagar com o mesmo dinheiro
Ainda acham que devemos prescindir do nosso subsídio de Natal e de Férias para ajudar o país????!!!!
Com efeito, esta questão da disparidade entre ordenados de topo com os ordenados mais baixos acaba por causar um tremendo sentido de injustiça social… A meu ver, faz falta uma tremenda reforma na sociedade portuguesa, pois se os gestores de topo são pagos com ordenados “europeus”, os trabalhadores de base, são pagos com ordenados do terceiro mundo…